C.MESTRE NEGO PANDA /
Conheça um pouco desse dedicado mestre de SP. . .

Elton Alexandre Pereira dos Santos
Iniciei a capoeira em 1990 na cidade de Praia Grande- Sp aos 15 anos de idade com o saudoso mestre Chicão ( Francisco Faustino da Silva Neto). Na mesma cidade também tive a oportunidade de treinar com o saudoso Mestre Surray (Souhail Haddad). Em 98 me mudei para Colombo região metropolitana de Curitiba onde conheci o mestre Besouro (Gilmar Gonçalves dos Santos)na época ele era professor, com quem me formei. Hoje faço parte do Grupo de Capoeira Raízes do mestre Carvoeiro(Luiz Henrique de Araújo Mendes) com quem me graduei Contramestre e represento o grupo no estado de SP.
W.R.M.: Como foi seu início na capoeira?
Bom meu primeiro contato com a capoeira foi aos 9 anos de idade, vi um amigo fazendo uns movimentos e achei muito bacana na época. Nessa época eu morava em São Paulo, quando me mudei pra Praia Grande aos 11 anos de idade eu tive um contato maior com a capoeira, pois onde eu morava na Cohab tinha na sede chamada Casinha branca aulas de capoeira com o mestre Paraquedas. Nessa época eu não tinha condições de pagar mensalidade então eu brincava de capoeira no campinho ou na rua com os amigos que treinavam. Quando me mudei pra Vila Sônia tive uma aproximação maior com a arte e comecei a treinar com o mestre Chicão na rua 1 onde ele dava aulas na casa dele.
W.R.M.:Como o senhor vê a capoeira hoje?
A capoeira hoje cresceu, alcançado o reconhecimento de patrimônio cultural imaterial não só brasileiro como da humanidade. Mas ainda percebemos um certo receio com a capoeira. Se a gente olhar direitinho vamos perceber que a capoeira ainda é discriminada e ainda não tem o valor que merece, e o pior é que essa falta de valor muitas vezes parte do próprio praticante.
W.R.M.:O que a capoeira representa para o senhor hoje?
A capoeira pra mim é tudo, é parte da minha vida. É o remédio que alivia o stress do dia a dia. É como a cantiga: Sem capoeira eu não posso viver....”
A capoeira me ensinou a reconhecer a minha identidade, me ensinou a conhecer parte da história do nosso país que não é contada nas escolas.
W.R.M.:Como está seu trabalho atual com a capoeira?
Eu desenvolvo um trabalho com crianças e adolescentes na Ong frutos do Amanhã, onde eu procuro não apenas ensinar a jogar capoeira, mas procuro passar valores, passar um pouco da história não apenas da capoeira mas também um pouco sobre a história do negro. Eu recentemente fiz um livro de poesia voltado à questão afro que é o livro Na cabaça do meu gunga e fiz um voltado para o público infantil No balanço da mandinga com poesias que falam sobre capoeira, mestre Bimba,mestre Pastinha, João grande e João Pequeno, e atualmente estou fazendo a gravação de um cd com algumas poesias desses dois livros e algumas poesias inéditas.
Recentemente apresentei meu tcc para conclusão do curso de pedagogia onde falo sobre a capoeira como instrumento de transformação social na construção da auto estima.
W.R.M.:Quais os valores que a capoeira proporcionou na sua vida? A capoeira é uma coisa incrível, ela não só trabalha a parte física como também a mental.A capoeira como falei anteriormente me ajudou na questão de identidade de eu me reconhecer e reconhecer a minha história e a luta dos meus antepassados. A capoeira ajudou a fortalecer os meus valores de respeito ao próximo, companheirismo, união, disciplina , que são valores que eu procuro passar para os meu alunos.
W.R.M:Qual sua expectativa para a capoeira no futuro?
Eu espero que a capoeira alcance o seu devido lugar, como instrumento pedagógico e valor educacional que ela possui podendo ser utilizada no apoio da lei 10.639/03 e 11.645 sobre estudo da cultura africana e afro brasileira. Que os trabalhos sejam feitos com seriedade respeitando a memória dos mestres antigos.
W.R.M:Deixe um recado para os capoeiristas?
Eu costumo dizer para os meus alunos e por onde eu passo que a capoeira ela é feita de história, mas não é só a história de Besouro Mangangá, Nascimento Grande, mestre Bimba, mestre Pastinha, mas que ela é feita da nossa história também. Todos nós temos a nossa participação na história da capoeira, seguimos escrevendo essa história. Aí eu pergunto:
W.R.M.:Qual história você vai querer escrever?
Eu gosto muito de uma cantiga que mestre Bimba cantava que diz assim:
“Oi sim sim sim oi não não não
Oi hoje tem amanhã não”
Nós temos que aproveitar cada momento, pois cada momento é único, respeite seu mestre, seus companheiros de treino e respeite a capoeira
Um grupo?
Grupo Raízes
Um cd?
Curso de capoeira regional do mestre Bimba
Uma música
Oi sim sim sim
Oi não não não
Mais hoje tem amanhã não 2x
Um Cantor?
A capoeira tem vários cantores que encantam as rodas e que encantaram: Mestre Bimba, mestre Traíra, mestre Caiçara. Hoje temos Boa Voz, Mestre Toni Vargas, mestre Moraes. Pra mim eu acho que é impossível citar um só.
Um golpe?
Meia lua de compasso
Um sonho?
Ver os aproveitadores se afastarem da capoeira.
O que você não admite?
Desrespeito
Uma vitória?
Cursar a faculdade.
Um mestre?
Mestre Bimba
Um lugar?
Onde o berimbau tocar.
Agradecimentos.
Agradeço a Olodumare e a Omulu por guiar meus caminhos, ao mestre Chicãoque me colocou nessa caminhada de capoeiragem, ao mestre Surray, ao mestre Carvoeiro que acreditou e acredita no meu trabalho, e a todos que contribuíram e contribuem para a minha formação como capoeirista.E a você Prof. Messias por me dar a oportunidade de falar um pouco sobre o meu trabalho.



